quinta-feira, 8 de setembro de 2016

EMBORA TODA TRANSIÇÃO LEVE A MUDANÇAS, NEM TODA MUDANÇA LEVA À TRANSIÇÃO

Ao contrário da transição, a mudança muitas vezes pode ser vista como um fim em si mesmo, como uma forma mais rápida de “queimar etapas” e modificar determinada realidade. Pode ser arbitrária em vez de participativa, e arrastar as pessoas em vez de gerar uma nova consciência. O resultado disso é que as transformações desejadas não são alcançadas – ou são alcançadas, mas não são assimiladas e, com isso, não se consolidam. Como toda Figura de Transição sabe, a assimilação requer perseverança, e qualquer mudança que desconsidere esse aspecto fatalmente provocará resultados efêmeros e inconsistentes – quando não desastrosos. Muitos de nós já passamos por experiências assim nas vidas pessoal e profissional. Já vimos aquele parente ou amigo que está sempre em dificuldades anunciar, de forma entusiástica, que “agora as coisas vão mudar”. Mas seu entusiasmo é tão intenso quanto passageiro, e a perseverança e do planejamento. Também já vimos aquele novo chefe que chega prometendo “mudanças drásticas” e começa a colocar a empresa de cabeça para baixo, sem que ninguém entenda exatamente aonde ele quer chegar. Por fim, o caos, que ele chama de “fase de transição”, acaba se perpetuando, e o chefe é demitido, deixando atrás de si uma situação pior do que aquela que encontrou ao chegar e funcionários cada vez mais desmotivados e céticos quanto à possibilidade de uma mudança real e para melhor.  

Talvez a melhor metáfora para a perseverança seja a de um jardineiro cultivando o bambu chinês. Essa espécie de planta pode levar quatro longos anos para se desenvolver. Durante esse período, quem passar pelos canteiros verá apenas pequeninos brotos que parecem nunca crescer. O jardineiro, porém, dia após dia, molha a terra e remove as ervas daninhas. Ele se empenha, persiste e confia. No quarto ano, sua perseverança é recompensada: o broto enfim se desenvolve e, em pouco tempo, atinge a altura de 24 metros – suas amplas raízes subterrâneas, que cresceram de forma lenta e gradual, porém firme e persistente, lhe dão a sustentação necessária para um desenvolvimento constante e acelerado.

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