sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Não faça contatos, faça amigos

Não se iluda: as pessoas sabem muito bem quando você as considera simples contatos a serem mantidos e usados em caso de necessidade e quando você as vê como amigas. Muitas vezes, o aspecto utilitário desses relacionamentos é tão ostensivo que chega a eliminar qualquer traço de cortesia ou civilidade, para não falar no interesse genuíno e na preocupação com o bem-estar do outro. É o caso desses e-mails padronizados, que solicitam ao destinatário o preenchimento de uma espécie de “atualização de cadastro” para confirmação de endereço e telefone, e que agora são trocados até mesmo entre “amigos” – como se telefonemas, visitas e perguntas do tipo “Como vai, como está sua família? ” fossem apenas uma supérflua perda de tempo, eu, por outro lado, sempre me preocupei em cultivar amizades pelo simples prazer e pela satisfação que isso me traz. Certa vez, durante uma viagem ao Panamá, procurei na lista telefônica o endereço de um panamenho que fora meu vizinho tempo atrás, quando ambos morávamos no interior de São Paulo, e com quem não falava a vários anos. Não havia qualquer motivo para fazer isso, a não ser o fato de que eu desejava sinceramente revê-lo.

Tivemos um encontro muito agradável, que, com certeza, contribuiu para tornar minha viagem de negócios a seu país mais prazerosa. E embora essa não tivesse sido uma de minhas preocupações, o fato é que, se por acaso eu voltar ao Panamá algum dia e me encontrar em algum tipo de dificuldade, sei que tenho lá um amigo com o qual posso contar – assim como ele pode contar comigo sempre que vier ao Brasil.

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