Em que altura da vida podemos dizer que nada mais temos a aprender? Se a pergunta for feita a uma Figura de Transição, a resposta será uma só: um enfático e categórico “nunca”. As oportunidades de aprendizado nos são oferecidas a cada momento, o tempo todo. Aprendemos com nossos pais e com nossos filhos, com nossos superiores e com nossos subalternos, com um grande erudito e com um mendigo que cruza nosso caminho, com um acontecimento feliz e com um infortúnio, com uma realização e com uma frustração, com uma derrota e com uma conquista. Aprendemos toda vez que nos damos ao trabalho de pensar sobre o que determinado momento nos trouxe, o que nos ensinou que ainda não sabíamos, o que nos mostrou a respeito dos outros e de nós mesmos, e que antes ignorávamos. E esse processo é tão longo quanto a vida.
O aprendizado requer disposição e esforço. O caminho mais curto
e certo para a estagnação é perder a disposição de aprender, seja pela
arrogância de achar que já sabe tudo, seja pela enganosa convicção de que é
tarde demais para adquirir um novo conhecimento. A acomodação é outra inimiga
do aprendizado, pois paralisa o segundo requisito necessário para que ele
ocorra: o esforço. É preciso esforçar-se para manter a mente aberta ao novo,
para não se deixar limitar pelos preconceitos e opiniões preconcebidas. E também
é preciso esforço para ampliar as oportunidades de aprendizado, reservando
tempo para as leituras, para as conversas e atividades instrutivas, para se
atualizar e aprofundar seu conhecimento. Não estou me referindo apenas ao
conhecimento necessário à sua profissão, mas a todos os aspectos de sua vida,
por exemplo, conhecer mais a fundo sua esposa ou seu marido – acreditar que já
sabemos tudo sobre nosso parceiro é um erro fatal em qualquer relacionamento. Outro
equívoco é negligenciar o autoconhecimento: uma série de frustrações, angústias
e motivações. Conhecê-las também é um aprendizado constante, talvez o mais
árduo de todos.
Uma frase atribuída a Confúcio diz:
O verdadeiro
conhecimento consiste em sabermos a extensão de nossa ignorância.
Sócrates chegou à mesma conclusão. Certa vez, alguém
perguntou ao oráculo de Delfos se o filósofo grego era de fato o mais sábio entre
todos os sábios, e a resposta havia sido afirmativa. Ao saber disso, Sócrates
decidiu comprovar a afirmação e se pôs a conversar com pessoas que eram tidas
como grandes sábias. “Todas me pareceram tão cheias de si”, contou Sócrates, “tão
seguras de suas verdades e certezas que, se sou de fato mais sábio do que elas,
é pela simples razão de que sei de que não sei aquilo que elas acham que sabem”.
Como nos sugere o filósofo com toda a sua perspicácia e sabedoria,
a admissão de que ainda temos muito a aprender é o primeiro passo para
transformarmos nossa vida em um constante aprendizado. A consciência desse fato
enriquece nossas vidas, ampara nossas escolhas e direciona nossas ações. A importância
de aprender sempre é tamanha que Stephen R. Covey, autor do best-seller Os 7
Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes e 8° Hábito, a coloca entre as quatro
necessidades básicas do ser humano – as demais serão afetadas. O aprendizado, porém,
está presente em todas: aprendemos a viver, a amar, a deixar um legado e, até
mesmo, aprendemos a aprender.
Nenhum comentário:
Postar um comentário