A dificuldade de colocar o mais importante em primeiro lugar pode ser caracterizada pela comparação entre duas ferramentas poderosas que nos regem: o relógio e a bússola. O relógio representa os compromissos, as reuniões, os horários, as metas e as atividades - o que fazemos com nosso tempo e como o gerenciamos. A bússola representa a visão, os valores, os princípios, a missão, a consciência e a direção em que seguimos – o que achamos importante e o modo como conduzimos nossas vidas.
O conflito se estabelece quando percebemos uma lacuna entre
o relógio e a bússola, isto é, quando o que fazemos não contribui para o que é
mais importante em nossa vida.
Para alguns de nós, essa lacuna é motivo de grande sofrimento.
É como se não conseguíssemos colocar em prática o que pensamos. Nós nos sentimos
presos, controlados por outras pessoas e pelas situações. Somos constantemente
envolvidos pela “rede de pequenas coisas” – vivemos apagando incêndios e nunca
temos tempo para fazer algo relevante. Parece que outra pessoa está vivendo por
nós.
Em outros casos, o sofrimento não passa de uma pequena
inquietação. Não somos capazes de conciliar o que sentimos que deveríamos fazer
com o que queremos fazer e o que de fato estamos fazendo. Vivemos em dúvida. Sentimos
tanta culpa pelo que não realizamos que não conseguimos sentir prazer com o que
de fato concretizamos.
Alguns se sentem vazios. Pensamos na felicidade apenas em
termos de conquistas financeiras ou profissionais, para no fim descobrirmos que
o “sucesso” não nos trouxe a satisfação que esperávamos. Vencemos com sacrifício
cada um dos degraus da “escada do sucesso” – o diploma, as noites em claro, as
promoções -, para no fim descobrirmos que, ao chegarmos ao último degrau, à
escada estava apoiada na parede errada. Absortos na subida, deixamos um rastro
de relacionamentos fracassados e perdemos preciosos momentos por causa do
esforço que fizemos para vencer na vida. Preocupados em galgar os degraus,
relegamos o que realmente importava a segundo plano.
Outros se sentem confusos ou desorientados. Não sabemos ao
certo quais são nossas prioridades. Concluímos uma atividade e começamos outra
de maneira mecânica. Vivemos como robôs. De vez em quando, nos perguntamos se
existe algum sentido no que estamos fazendo.
Há também aqueles que reconhecem o desequilíbrio, mas não
acreditam nas soluções. Ou acham muito alto o preço da mudança ou têm medo de
tentar, e aí pensam que é mais fácil conviver com o desequilíbrio.
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